Parque Natural do Fogo

Centro de Visitantes de Cabo Verde

Localização: Chã das Caledeiras, Ilha do Fogo - Cabo Verde
Área: 3200 m²
Ano: 2009
Colaboração: Jorge Graça Costa
Fotografia: Fernando Guerra + SG

Na Ilha do Fogo, a 1800 m de altitude, dentro da cratera do vulcão, se localiza um povoado com cerca de 1200 pessoas, à margem da legalidade, ocupando terrenos do Estado, onde organizam as suas atividades principalmente agrícolas, garantido a sua sobrevivência numa das mais pobres zonas de Cabo Verde.

Parque Natural do Fogo. Fotografia: Fernando Guerra

O estatuto de área protegida de interesse nacional forçou a delimitação de zonas de cultivo, com limites de construção e introdução de normas, contrariando a ocupação livre da povoação, gerando choques de interesses com confrontos frequentes. O Projeto da Sede do Parque Natural do Fogo, nasce das necessidades da consolidação da identidade de uma área protegida e da conciliação da povoação com a nova gestão do Parque. Assim, foram concebidos e criados espaços de lazer e culturais para usufruto tanto dos habitantes de Chã das Caldeiras como de visitantes; espaços de trabalho também foram criados para a fixação de técnicos ligados à gestão e tratamento da área protegida.

A paisagem natural, muito marcada pelo vulcão e cratera, é de uma beleza única e rara, com potencial para alcançar estatuto de patrimônio mundial. Neste contexto, a ideia base passou por projetar um edifício de modo a ser parte da paisagem e a paisagem ser parte do edifício, havendo como que uma fusão de peles escuras. De dia os longos muros desenham o edifício e se entrelaçam com a estrada criando um labirinto e jogos de sombra. De noite qualquer luz é demasiada; visando a proteção das aves autóctones, toda a iluminação é indireta. Os desafios da escassez de recursos locais se tornaram condicionantes e, desta forma, o edifício foi feito pela população e para a população, utilizando técnicas e materiais locais.

Parque Natural do Fogo. Fotografia: Fernando Guerra

Para lidar com a não existência de qualquer rede pública, o edifício tem a autonomia energética garantida com energia solar e a rede de águas é dupla, aproveitando a água das coberturas e as águas da utilização diária complementada com grandes depósitos, abastecidos anualmente com recurso à pluviosidade.

Todo o edifício é envolvido por rampas e espaços com espécies vegetais representativas do parque natural que se estendem para o exterior do edifício, fundindo-o com a envolvente.

O edifício é dividido em duas zonas; Zona cultural composta por auditório coberto, auditório aberto, biblioteca e bar esplanada; Zona Administrativa composta por salas de reuniões, salas de trabalho, laboratório e áreas técnicas. Uma sucessão de terrenos inclinados compõe as áreas exteriores, estendendo-se da cobertura, aos pátios principais do edifício, onde são plantadas espécies vegetais representativas do parque natural, fundindo-o com a envolvente.

Parque Natural do Fogo. Fotografia: Fernando Guerra

Com a sede em pleno funcionamento, o Parque Natural é cada vez mais valorizado, o que contribui para enriquecer os setores sociais, culturais e econômicos da ilha, passando a integrar e aprimorar de forma harmoniosa o espaço adjascente. Os desafios da escassez de recursos locais como condicionantes geraram oportunidades projectuais e, portanto, o edifício foi construído pelas pessoas e para as pessoas, usando materiais e técnicas locais. A sede passa a ser sentida como nôs cása na terra do Djarfogo.

Parque Natural do Fogo. Fotografia: Fernando Guerra

Em novembro de 2014, 7 meses depois da inauguração do edifício, the PNF Headquartes foi destruído devido a erupção de um dos vulcões. It remain in history after being on the Shortlist os WAF, winning the "Prémio Nacional de Arquitectura de Cabo Verde" and the Building of the Year 2015 by Archdaily.

 

Território + população + vias, local de projecto, área atingida pelo vulcão.

Parque Natural do Fogo. Fotografia: Fernando Guerra

Photographs by Fernando Guerra.